O que é esquizofrenia?
Embora seja discutida como se fosse uma única doença, a esquizofrenia engloba um grupo de transtornos com etiologias heterogêneas e inclui pacientes com apresentações clínicas, resposta ao tratamento e cursos da doença variáveis.
Os sinais e sintomas variam e incluem alterações na percepção, na emoção, na cognição, no pensamento e no comportamento. A expressão dessas manifestações varia entre os pacientes e ao longo do tempo, mas o efeito da doença é sempre grave, persiste por toda vida e afeta pessoas de todas as classes sociais.
A esquizofrenia é igualmente prevalente em homens e mulheres. Ambos os sexos diferem, no entanto, quanto ao início e ao curso da doença. O início é mais precoce entre homens. Assim sendo, mais da metade dos pacientes com esquizofrenia do sexo masculino, e apenas um terço dos pacientes do sexo feminino, têm sua primeira internação em hospital psiquiátrico antes dos 25 anos de idade. As idades de pico do início são entre 10 e 25 anos para os homens e entre 25 e 35 anos para as mulheres. Diferentemente deles, as mulheres exibem distribuição etária bimodal, com um segundo pico ocorrendo na meia-idade. Cerca de 3 a 10% das mulheres apresentam início da doença após os 40 anos. Em torno de 90% dos pacientes em tratamento têm entre 15 e 55 anos. O início da esquizofrenia antes dos 10 anos ou após os 60 anos é extremamente raro. Alguns estudos indicaram que os homens têm maior probabilidade de sofrer sintomas negativos do que as mulheres, e que estas têm maior probabilidade de ter melhor funcionamento social antes do início da doença. Em geral, o resultado para os pacientes do sexo feminino é melhor do que para os do sexo masculino. Quando o início ocorre após os 45 anos, o transtorno é caracterizado como esquizofrenia de início tardio.
O surgimento do transtorno é notado primeiramente pela família e amigos, que percebem uma mudança no comportamento da pessoa. Ela passa a ter mau rendimento em áreas da vida cotidiana, como na escola, no trabalho ou nas relações sociais e familiares.
A evolução dos transtornos esquizofrênicos pode ser contínua, episódica e ainda incluir um ou vários episódios seguidos de remissão completa ou incompleta.
Quais os sintomas da esquizofrenia?
Os sintomas da esquizofrenia podem ser divididos em dois grupos: negativos e positivos.
Os sintomas negativos das psicoses esquizofrênicas caracterizam-se pela perda de certas funções psíquicas (na esfera da vontade, do pensamento, da linguagem, etc.) e pelo empobrecimento global da vida afetiva, cognitiva e social do indivíduo.
Os principais sintomas negativos são:
Distanciamento afetivo
Retração social
Empobrecimento da linguagem
Diminuição da fluência verbal
Diminuição da vontade
Negligência contra si mesmo
Lentificação e empobrecimento psicomotor
Ao contrário dos sintomas negativos, que se manifestam pelas ausências e pelos déficits comportamentais, os sintomas positivos são manifestações novas, floridas e produtivas do processo esquizofrênico.
Os principais sintomas positivos são:
Alucinações, ilusões ou pseudoalucinações auditivas (mais frequentes), visuais ou de outro tipo.
Ideias delirantes, de conteúdo paranoide, autorreferente, de influência ou de outra natureza.
Comportamento bizarro, atos impulsivos.
Agitação psicomotora.
Ideias bizarras, não necessariamente delirantes.
Produções linguísticas novas como neologismos e parafasias.
Como é feito o diagnóstico de esquizofrenia?
É feito através de critérios diagnósticos:
Dois (ou mais) dos itens a seguir devem estar presentes por um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso) sendo que pelo menos um deles deve ser delírio, alucinação ou discurso desorganizado:
1. Delírios.
2. Alucinações.
3. Discurso desorganizado.
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico.
5. Sintomas negativos.
É obrigatório que haja um prejuízo significativo em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado e que a duração mínima seja de seis meses, incluindo não apenas o período de sintomas positivos, como também períodos prodrômicos ou residuais.
Para que seja formulado o diagnóstico de esquizofrenia, devem ser afastadas hipóteses como transtorno depressivo, transtorno bipolar, transtorno esquizoafetivo, transtorno mental relacionado ao uso de substâncias ou doença não psiquiátrica.
O que causa a esquizofrenia?
Sabe-se que a esquizofrenia é uma doença multifatorial, sendo causada pela interação de diversos fatores.
Pode-se, assim, dividir os fatores de risco em duas categorias: aqueles inatos, compreendidos por questões genéticas, e os fatores de risco ambientais. A interação de ambos seria responsável pelo desencadeamento da doença.
São fatores de risco para o desenvolvimento da esquizofrenia:
Pré-natais: infecções maternas (influenza, rubéola e toxoplasmose), deficiência nutricional da mãe, exposição ao cigarro.
Complicações na gestação, parto e período perinatal.
Traumas na infância: abuso físico, verbal e sexual, bem como negligência, conflitos familiares, ou morte de um dos pais.
Histórico familiar;
Idade avançada do pai;
Uso de drogas psicoativas durante a juventude e adolescência.
Como é o tratamento da esquizofrenia?
Embora os medicamentos antipsicóticos sejam o pilar do tratamento para a esquizofrenia, pesquisas revelaram que intervenções psicossociais, incluindo psicoterapia, podem contribuir para a melhora clínica. Tendo em vista que, assim como os agentes farmacológicos são usados para tratar possíveis desequilíbrios químicos, as estratégias não farmacológicas podem tratar questões não biológicas. Devido à complexidade da esquizofrenia, doença multifacetada, geralmente qualquer abordagem terapêutica realizada de forma isolada se torna inadequada. Modalidades psicossociais devem ser integradas ao regime de tratamento farmacológico, apoiando-o. Os pacientes com esquizofrenia beneficiam-se mais da combinação de uso de medicamentos antipsicóticos e tratamento psicossocial do que de um ou outro tratamento usado de forma única.